É neste veio de transformação que é valido salientar a importância da educação, principalmente a educação voltada para a cidadania e a re-qualificação profissional, principalmente no que diz respeito a inserção de indivíduos em diferentes e múltiplas classes da economia, permitindo-os a ampliação do seu universo profissional tal qual social-cultural. Um profissional apto a moldar-se às constantes necessidades pessoais , coletivas, sociais; sem assim abrir mão de sua humanidade. Não pode-se em hipótese alguma desvincular o ter do homem com o ser do mesmo, principalmente ao ter condições de: ordem financeira, social; condições mesmo de sobrevivência humana em suas necessidades primordiais e condições psíquicas favoráveis a sua acomodação à transformação eminente.
Um indivíduo proposto como discente não terá condições de assimilar as proposições nem de possuir as motivações ideais a aprendizagem ,caso viva permeado pela fome, doenças, falta de uma digna moradia, ou outras desventuras quaisquer quem venham desestabilizá-lo emotivamente, psicologicamente e até fisicamente.
É no mundo que o homem vive, dele refleti e interagi, transforma-se com ele e a ele transforma; um relacionamento dual onde ambos são emissor e receptor, co-existindo e fazendo-se existir.
E nessa vivência mundana,é cria de seus próprios atos e vicissitudes produto assim de seu refluxo.
Dessa responsabilidade introspectiva e interpessoal Paulo Freire (2005) é categórico e conciso ao afirmar que:
“A realidade social, objetiva, que não existe por acaso, mas como produto da ação dos homens, também não se transforma por acaso. Se os homem são os produtores desta realidade e se esta, na “inversão da práxis (1)”, se volta sobre eles e os condiciona, transformar a realidade opressora é tarefa histórica, é tarefa dos homens”
Sendo a realidade na qual vivemos e convivemos produto nosso, cabe-nos a responsabilidade de transformá-la transformando-nos.
1 - Práxis Paulo Freire define como ação+reflexão, o que resultaria numa práxis verdadeira. O dicionário Priberam da língua portuguesa terminologicamente define como: ação ordenada para um devido fim.
Freire,Paulo. Pedagogia do Oprimido,Rio de Janeiro, Paz e vida, 2005
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
HOMEM - UM SER PARA A TRANSFORMAÇÃO
Não existe possibilidade de continuarmos iguais quando nos apropriamos de certo conhecimento, como não existirá realidade que não se transforme quando seus atores se transformarem.
Mas para a transformação ser um advento concreto é mister haver entre as partes envolvidas determinadas especificidades que constituirão os requisitos ideais para tal transformação Um dos pontos chaves é o que concorda Ausubel, Novak e Hanesian (1983),“o fator mais importante que influi na aprendizagem é aquilo que o aluno já sabe. Isto deve ser averiguado e o ensino deve depender desses dados”; é o que os autores intitularam de: “Aprendizagem significativa".(1)
Todo o conteúdo do ensino pretendido precisa ter um significado lógico para o discente, assim o conteúdo ministrado deve ser claro, deve preencher com eficiência a lacuna da falta percebida e deve haver competência em sua transmissão principalmente no que diz respeito a novas situações diferentes daquelas propostas pelos livros didáticos.
A aprendizagem significativa traz a motivação necessária à absorção do conteúdo pretendido e validação dos objetivos propostos. O motivo move os seres, e como somos movidos por motivos e sem ele as circunstâncias perdem a graça, o fomento da pré-disposição sistematológica e ontológica do ser; desvirtua o interesse e se algo não interessa não há envolvimento; e ao não haver envolvimento não haverá constituição ou construção alguma do saber.
E para que a aprendizagem significativa seja efetivada há de necessário existir disposição por parte do aprendiz, caso contrário todos os esforços direcionados a tal, não usufruirão da percepção ideal a concretização da assimilação cognitiva. A disposição é a segunda condição intrínseca a aprendizagem, sendo a primeira o conteúdo significativo escolar a ser aprendido, o que tornar-se-ão elementos básicos a construção do saber , tornando todo e quaisquer conteúdo cognoscível.
Por não se levar em consideração tais implicações, o processo letivo simplista denotará um processo fastidioso ao educando que por não se interessar as propostas conteúdistas expurgará de si quaisquer possibilidade de desenvolvimento cognitivo e pessoal, e por assim não dizer , também social , coletivo, humano. Tornando o todo em um processo mecânico e inoperante para si.
Neste caso ao tornar em processo mecânico, subjetivamente tornar-se a educação um opressor do ponto de vista empírico pessoal do ser envolvido, que condiciona a evolução do ser social a absorção do conteúdo pretendido, novamente re-interamos ser esta definição de opressor do ponto de vista introjetivo do ser. A educação liberta, mas quando somos mal orientados ou até mal promovidos, desorientados poderemos desenvolver aversão a ela por considerá-la um fardo, um estorvo , um “mal” necessário; e não é assim que o consideram grande parte da população, principalmente subscrito pelo desinteresse massificado pela leitura, apropriação do saber ? Formatando aos indivíduos um tipo de anomia recorrente dos próprios atos, deliberativos ou condicionados.
Paralelamente a esta concepção da Aprendizagem significativa de Ausubel poderíamos incluir uma co-relação com a teoria de Freire(2) sugerindo que a reflexão na educação deve sempre parti das experiências do próprio homem com a realidade na qual está inserido; educando com e não só para o homem(3), refletindo e analisando sua realidade, seu contexto, seus entornos, sua experiência vivencial, pessoal e íntima.
Uma dialogicidade mútua entre educador e educando favorecendo o processo e assim a transformação desses processos implícitos e explícitos na educação.
Quando trago o universo do educando para o currículo que vai ser ministrado ao próprio educando, promovo a aprendizagem, por ter ela um significado todo especial, ao neste caso também preceptor do seu próprio desenvolvimento cognitivo.
1) Usamos aqui o significado simplificado da teoria de Ausubel, por se estender numa maior complexidade do uso do termo em seus escritos.
2) Conceito Freiriano de Teoria extraída de seu livro : Educação como Prática da Liberdade,(1979) ; onde referi-se a teoria como um contemplar, observar, etimologicamente “ver”.
3) Extraído de seu livro: Pedagogia do oprimido(2005)
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