RESUMO
Afetividade está tão ligada ao ser como a própria necessidade de vida que ele tem e a ânsia de aprender que desenvolve. Temos essa capacidade eminente de sermos afetados pelo mundo externo, se bem que ao ponto que somos afetados , afetamos também o nosso mundo interno.
Existe uma relação muito intensa e porque não dizer indissolúvel entre afetividade, ludicidade e aprendizagem. Não se concebe aprendizagem desassociada de sentimentos, seca, pútrida, aguada, onde o interesse motriz é a simples aquisição de informações tecnicistas.
Warllon, Vygotsky e Rogers elucidam em suas teorias a relação existente entre a afetividade e a aprendizagem, contribuindo para uma melhor percepção deste universo epistemológico e para a intervenção necessária na equilibração de necessidade e oferta.
Palavras-chave : Afetividade, conhecimento, Interação,Lúdico, aprendizagem.
Affection is so linked as to be the very necessity of life he has and eagerness to learn it develops. We have such eminent ability to be affected by the external world, though the point that we are affected, affect also our inner world.
There is a very intense and why not say indissoluble affection, playfulness and learning. Can not conceive of learning disassociated feelings, dry, putrid, watery, where interest is driving the mere acquisition of technical information.
Warllon, Vygotsky and his theories on Rogers elucidate the relationship between emotion and learning, contributing to a better understanding of this universe and the epistemological intervention needed in balancing the need and supply.
Keywords: Affection, conheecimento, interaction, leisure,learning.
INTRODUÇÃO
Percebemos o mundo e todas as suas nuances a partir das emoções, sentimentos e cognições geradas pela vivência e relação interpessoal do indivíduo com seu semelhante. É vivendo e principalmente convivendo que construímos os saberes.
Nessa percepção de mundo, quer seja menos ou mais desenvolvida, mais ou menos apropriada, suficiente ou não; que adquirimos a capacidade de assimilação do conhecimento, ou como é comumente conhecida: aprendemos.
Aprendemos porque percebemos as coisas ao nosso redor; percebemos porque trocamos atitudes relacionais e nos relacionamos porque necessitamos dessa convivência.
O homem é um ser social, nasceu para se relacionar, para compartilhar. O que difere o humano do animal é o relacionamento; só o homem interage, pensa, molda, articula, só ele consegue notar as nuances dessas influências causadas e sofridas no decorrer dos relacionamentos.
Dizer que aprendemos porque percebemos e percebemos porque nos relacionamos, é também dizer que aprendemos porque nos relacionamos. O ser humano aprende e se faz aprender em seus multirelacionamentos, desenvolvidos no decorrer de sua gênese e de sua história.
RELAÇÃO DA INTERAÇÃO AFETIVA COM A APRENDIZAGEM.
Se considerarmos os diversos fatores que influenciam ou que podem influenciar no processo de assimilação das informações perpassadas de maneira lúdica ou não ao indivíduo principalmente o ser infantil perceberemos que há muito mais conexões entre a aprendizagem, emotividade, sensibilidade e afetividade.
Quando Bernard Shaw diz que nossos talentos[4] são 90% transpiração e 10% inspiração, pontua em nosso modo de ver que os dez porcento de inspiração podem sim afetar as outra porcentagem. Somos transpiração com inspiração mesmo com níveis diferenciados e não transpiração e inspiração; andam juntas e podem se interpolar ou se necrofilar. Não são isoladas, desconectadas ou desvinculadas umas da outras; como se o entendimento fosse unilateral e não multilateral interconectado.
A idéia principal é entender o que difere cada terminologia, podendo assim conceituar de maneira lógica e clara as interelações desta análise.d O afeto compõe-se no elemento básico da afetividade humana, que é um “conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre de impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou de tristeza” (CODO & GAZZOTTI, 1999: 48-59).
Em síntese afetividade é a capacidade de sentir[5], capacidade intrínseca do indivíduo, que lhe permite reflexos de ação e reação de acordo com cada situação objetiva ou subjetiva na relação de conflitos, com o outro, desencadeando emoções vitais a tal processo.
É salutar que se destaque a diferença entre emoção e afetividade, sendo este último de características mais amplas, mais abrangentes. A emoção é uma das manifestação ou por assim dizer , um fenômeno da afetividade na vida do indivíduo. A afetividade não deve ser vista de forma reducionista sendo conceituada como emoção, tratando os termos como sinônimos, pois não o são.
“ Emoção para Warllon (grifo nosso), é um fenômeno cuja função é mobilizar o outro,isto é,algo essencialmente social, embora com componentes orgânicos ( tônicos e musculares) acentuados” (DANTAS, Heloísa,1994 ). E ao mobilizarmos o outro não estamos também nós sendo mobilizados como nos elos de uma corrente. O desenvolvimento mútuo é um fim , porém a emoção interativamente relacional é o meio pelo qual tal desenvolvimento é alcançado.
Para ele sem vínculo afetivo não há aprendizagem, durante toda a fase da infância a afetividade desempenhará papel essencial na atividade cognitiva. A estimulação da inteligência se dá ao ponto que se nutre a afetividade.
Concorda também com essa interação Vygotsky (1896-1934) quando postula uma dialética do indivíduo com o outro e com o meio, como desencadeador do desenvolvimento sócio-cognitivo. É certo que em sua teoria ele direciona a importância do uso da linguagem nessa construção.
O interessante na teoria de vygotsky é que ele postula o processo de aprendizagem como gerador e promotor do desenvolvimento neste caso do desenvolvimento das estruturas mentais, isto é, conseguimos nos desenvolver porque aprendemos.
A interação, é um dos conceitos fundamentais da teoria de Vygotsky, e não podemos nós acrescentar que essa interação só se dá possível pelo entremeio da afetividade promulgado e gerenciando todo esse processo.
O LÚDICO NA INTERAÇÃO : DESENVOLVIMENTO AFETIVO E PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM.
É certo que a terminologia lúdico diz muito a respeito do jogo ou do ato de jogar, mas não se pode desmerecer a sua significação como algo que serve para divertir ou dar prazer.
É importante você atentar para o caráter simbólico do lúdico. Nele, as pessoas adotam estados emocionais diferentes dos que normalmente apresentam, atribuem estados afetivos fictícios aos outros e compartilham emoções (Coll, Mareschi, Palacios & Cols, 2004).
Os parâmetros que circundam a ludicidade, estão diretamente e indiretamente relacionados com a emoção. A atividade lúdica, ou ludismo é uma ferramenta que pode ser exercida na obtenção da transformação dos sentimentos, emoções, favorecendo a interação do indivíduo com o meio e com os outros seres despertando-lhe a afetividade necessária na propensão a cognição e a aprendizagem.
Cria-se aqui uma cadeia sistêmica promotora do desenvolvimento do indivíduo como ser biopsico-social , tal como ser que aprende. A atividade lúdica funciona como um instrumento categorizador de uma propensão as mudanças necessárias ao ajustamento psiquico-motor nesta interação, gerando uma cadeia de eventos suscetíveis e intercomplementares com fins de moldar os relacionamentos.
Mesmo que o lúdico fale de si como algo desprendido, solto, não implica necessariamente que o educador não possa usá-lo de maneira articulada, pensada, objetivada.
A abstração promovida pela atividade lúdica, sendo devidamente dosada se encarrega de dar início ao processo de aprendizagem. Aprendemos desta forma a lidar com nossos sentimentos mais escondidos, seja pelas descargas de endorfinas e adrenalinas depositadas em nossos córtex rotacionando a ativação dos sistemas simpáticos e parassimpáticos ou porque simplesmente vamos nos moldando ao ponto que vamos agindo e reagindo a cada evento, num processo de acomodação e superação .
Ser humano que não abstrai, se desumaniza; já aquele que abstrai demais enlouquece. A abstração está contida em tudo que envolva a interação homem-meio, homem-homem, está nos sonhos dos enamorados também nos desejos e anseios futuros, está nas viagens interplanetárias do aluno que não se concentra na aula, mas também está no prazer de se fazer o que gosta e poder unir o que se gosta e o que se precisa.
Ganha o educador que sabe dispor deste meio, fazendo-a contribuir na interação com seus páreas e favorecendo o desenvolvimento da aprendizagem mútua.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A interação afetiva é o vínculo que falta na compreensão do estudo da afetividade e da aprendizagem, com ela as aulas tornam-se mais dinâmicas, prazerosas, significantes não só as crianças. Essa interação afetiva pode ser observada principalmente nos primeiros anos da educação infantil quando a criança após o período cruel de adaptação, e com um professor ,neste caso massificado, com professoras que não considerem as crianças um fardo, nem seu trabalho um estorvo , passam a carinhosamente intitula-lás de “ tias”; longe de uma análise técnica psicológica deste fato, o que importa é que as crianças em seus âmagos reconhecem aquela pessoa como alguém importante e essencial pra elas, ao vislumbrarem a relação familiar. Alguns estudiosos condenam esse fato, e muitos chegam a propor discussões sobre os erros segundo suas concepções em se colocar uma criança aluno no colo; mas nada substitui um carinho, um gesto de atenção, uma palavra amiga bálsamo nas feridas da alma numa idade onde a compreensão dos fatos não falam mais do que um gesto.
Não é de se estranhar os resultados da observação empírica, quando os maiores índices de satisfação profissional esteja exatamente na educação infantil, a despeito dos baixos salários e condições mínimas de trabalho, salas superlotadas e em inúmeros casos até sem auxiliar de sala.
Esse é o desafio para que nos bate a porta, construir ou reconstruir os relacionamentos para construir a aprendizagem mútua.
REFERÊNCIAS
CODO, W. & GAZZOTTI, A.A. Trabalho e Afetividade. In: CODO, W. (coord.) Educação, Carinho e Trabalho. Petrópolis-RJ:Vozes, 1999.
DANTAS, Heloísa. Algumas contribuições da Psicogenética de Wallon para atividade educativa. Revista de Educação AEC. Ano 23. nº 91. Abr/Jun, Brasília, 1994.
GOMES,Adriana Leite Limaverde; PEREIRA, Maria Goretti Lopes (ORG). Psicologia da aprendizagem. Universidade Estadual Vale do Acaraú, 2008
[1] Estudante do curso de Pedagogia 6º período da Universidade Estatual Vale do Acaraú. E-mail: acleciodantas@hotmail.com
[2] Estudante do curso de Pedagogia 6º período da Universidade Estatual Vale do Acaraú.
[3] Estudante do curso de Pedagogia 6º período da Universidade Estatual Vale do Acaraú.