segunda-feira, 1 de novembro de 2010

É CRECHE OU É ESCOLA ?

    Os avanços obtidos no meio educacional e vigentes hoje, em análise comparativa ao período constituinte da implantação da educação infantil no Brasil leva-nos  a inferir a co-relação existente neste processo entre a concepção ontológica de criança  e o desenvolvimento da creche como instituição promotora do desenvolvimento cogno-perceptivo no universo ensino-aprendizagem.
    O histórico de ambos desenvolvimentos remota a revolução industrial conforme ilustra Oliveira (1992) “ a implantação da industrialização no pais...provocou a necessidade de incorporar grande número de mulheres casadas”; gerando uma necessidade lógica: como ficariam os filhos menores dessas mulheres ? Em torno  das precárias condições de trabalho movimentos sociais surgiram apondo  as ideologias socialistas de então.     Os proprietários das industrias procuravam diminuir a força desses movimentos     cedendo alguns benefícios sociais com fins de controle do  comportamento, dentro e fora da fabrica.    Conforme Oliveira (1992) “ o fato dos filhos das operários estarem sendo atendidos em creches...montadas pelas fabricas  passou a ser reconhecido...como vantajoso: mais satisfeitas as mães operárias produziam melhor.”
    Dista daí as concepções de creche em sua gênese: filantrópica, custodial e higienista; interagindo com a concepção cultural, social do papel da mulher, da família e da criança.
    A função da creche evoluiu ao ponto que também evoluiu as concepções alusivas a infância, deixando o cunho assistencial-custodial onde é comumente colocada como uma graça aos desafortunados a responsável pela promoção do desenvolvimento das crianças ampliando suas experiências  e conhecimentos, correspondendo a concepção de construção do conhecimento inerente e essencial ao desenvolvimento infantil e a construção de uma realidade humana diferente e diferenciada de tendências fatalistas locais ou temporais.
    Sobre as diferentes formas de perceber essas especificidades escreve ainda Oliveira (1992)”  enquanto que as crianças pobres eram atendidas em creches com propostas que partiam de uma idéia de carência e deficiência, as crianças mais ricas eram colocadas em ambientes estimuladores e consideradas  como tendo um processo dinâmico de viver e desenvolver-se.” Por essa declaração que não foge a realidade de hoje, e conforme a teoria das inteligências múltiplas de Gardner, não é absurdo afirmar que neste período e durante muito tempo acreditava-se existir um percentual  maior de abastados  considerados inteligentes em comparação aos parias conceitualmente menos favorecidos cognitivos.   Mas uma coisa é certa os primeiros tiveram maiores e melhores oportunidades em desenvolver suas inteligências, o que não condiz dizer que os demais não são inteligentes.
    Essas diferentes formas de perceber a criança explica a dificuldade existente em algumas pessoas em diferenciarem “ a escolinha” da creche e para arriçar essa cognição  sugerimos mais uma indagação: não cumpre hoje eficazmente o papel  de creche as propostas atitudinais  da escola integral ?
    Em nosso tempo a creche incorpora as funcionalidades específicas e objetivas concernentes à escola, formação para a transformação.    Tal funcionalidade  brotou ao ponto que se percebia a importância da educação das novas gerações para transformação da realidade social a que estavam sujeitas.
    Todos os esforços na concretização deste objetivo deve ser canalizado somando-se as propostas existentes direcionando teoria e prática no exercício da pedagogia.


* Oliveira etal. Creches: crianças, faz de conta e cia. Rio de Janeiro. Vozes. 1992

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